Gerenciamento de estoque na farmácia

Em qualquer empresa que atua na comercialização de produtos, o estoque é um elemento fundamental. No ramo farmacêutico, não é diferente: o gerenciamento de estoque é a peça-chave para a sustentabilidade financeira das farmácias.

O estoque é o “coração” da farmácia, se ele não vai bem, tudo pode ficar comprometido. O desabastecimento ou a falta de mercadorias traz consequências imediatas aos resultados e às vendas.

Por isso, é essencial saber como fazer controle de estoque. Afinal, o que vale mais a pena: manter níveis máximos e atender os clientes, fazendo um maior aporte financeiro, ou manter quantidade mínima de produto para imobilizar os recursos financeiros?

Mais estoques?

Maior investimento?

Estoque baixo?

Falta de produtos?

Esse é um dos maiores dilemas do gerenciamento de estoque nas farmácias.

Não importa se você é proprietário, gerente ou balconista, todos devem saber claramente que o sucesso financeiro da farmácia não depende apenas do volume geral de vendas, mas do quanto cada produto contribui para o lucro do estabelecimento.

Cada item vendido na farmácia contribui de alguma forma para o lucro geral. Conhecer esse dado é de extrema importância para o sucesso de seu trabalho, e um sistema para farmácia pode ajudar nessa tarefa.

Compor o estoque de uma farmácia não é missão fácil, além de ser um grande investimento: existem no mercado milhares de apresentações de medicamentos, o mesmo para itens de perfumaria.

Como fazer controle de estoque?

As três perguntas que devem ser feitas para um controle de estoque de medicamentos são:

  • Quanto comprar?
  • Para quanto tempo?
  • Quando comprar?

A verdade é que as empresas não podem imobilizar capital em estoques gigantescos, sob pena de sérios danos financeiros.

Além disso, é importante dimensionar a variedade dos itens em estoque, com atenção especial para os medicamentos.

Como já dissemos, são muitas marcas e apresentações, com a condição específica dos itens de referência, similares e genéricos. Um mesmo item ou princípio ativo, portanto, pode ser encontrado em várias marcas.

Gerenciamento de estoque para ativos em medicamentos

A seguir, veja algumas dicas para criar seu programa de controle de estoque e melhorar a sua gestão de farmácia.

Conheça a clientela da farmácia

É preciso conhecer bem a clientela onde o seu ponto comercial está instalado. Identificar se os clientes são “de passagem” ou da redondeza, se a maioria aposentada e etc.

Além disso, se há hospitais e consultórios próximos, o perfil de prescrição dos médicos e dentistas, dentre outras informações.

Considere a sazonalidade dos produtos

A sazonalidade dos produtos é importante para o gerenciamento de estoque

Um bom gerenciamento de estoque considera a sazonalidade dos produtos, levando em conta as estações do ano, um fator importante para reforçar o estoque de determinados medicamentos específicos para cada época.

Além disso, existem outras condições importantes quando se fala em sazonalidade como o marketing da indústria farmacêutica, hábitos de prescrição dos médicos, surtos, dentre outras situações.

Estoque na posologia correta

Use um programa de gerenciamento de estoque para evitar erros

Todo o cuidado com os estoques está pautado no acompanhamento da previsão do consumo e na demanda do produto.

Com essas estimativas, serão formulados parâmetros de compra, que servirão de base para a manutenção dos níveis de estoque.

Esses dados devem ser atualizados frequentemente, sendo muito interessante, portanto, um software que faça estes cálculos.

É aconselhável o uso de recursos informatizados para a gestão dos estoques, como uma planilha de controle de entrada e saída de medicamentos.

A previsão de demanda dos estoques pode se classificar em duas categorias:

Quantitativa
São as informações que podem ser medidas de forma objetiva, como resultados de relatórios, contagens, anotações e registros feitos manualmente ou por computador.
Baseiam-se em médias de consumo nos últimos períodos.
Qualitativa
São informações baseadas em desejos, opiniões e sentimentos (portanto, são subjetivas).

As técnicas de previsão de consumo podem ser classificadas em três grupos. Geralmente, as farmácias mesclam um pouco de cada um deles em seu planejamento:

Projeção
São aquelas que admitem que o futuro será a repetição do passado ou imaginam que as vendas evoluirão no tempo, segundo a mesma lei observada no passado.
Explicação
Procura explicar as vendas do passado mediante cálculos que as relacionam com outras variáveis, cuja evolução é conhecida ou previsível.
Predileção
Funcionários e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas. A experiência é fundamental.

A curva abc e a venda média

A Curva ABC é um método de valorização dos estoques baseado em quantidades e custos unitários. Consiste em classificar o estoque em categorias denominadas A, B ou C.

Categoria A:

Nesta categoria ficam os itens mais importantes, com alto retorno, e que fazem parte de uma parcela significativa dos valores investidos em estoque, por isso, devem ser tratados com atenção especial.
São de alto giro e ocupam até 20% do estoque, garantindo 70% do faturamento. Todos na farmácia devem saber quais são os produtos que garantem o maior faturamento da loja. Possuem boa margem de contribuição.

Categoria B:

Aqui ficam os produtos intermediários, com retorno e rotatividade médios, ocupando cerca de 30% do estoque e respondendo por até 20% do faturamento.

O setor responsável pela compra deve ter atenção a esses produtos para evitar faltas, pois, podem influenciar o volume de vendas.

Categoria C:

Por fim, estão agrupados os itens menos importantes em termos de venda, correspondendo até 70% do estoque e somente 10% do faturamento.

Embora sejam mais numerosos, esses itens possuem um valor inexpressivo em relação ao valor total do estoque.

Importante: esses números referem-se à variedade de itens e não à quantidade de cada um deles.

Exemplo de Curva ABC para gerenciamento de estoque

Para chegar aos cálculos da Curva ABC são utilizados os dados de Venda Média Diária de cada produto.

A Venda Média Diária (VMD) é a quantidade média de saída de um produto em um dia.

Estoque de segurança e estoque máximo

Para definir corretamente o volume de estoque de cada produto e da farmácia inteira, o princípio é sempre o mesmo: partindo da VMD e da possibilidade de reabastecimento de sua farmácia pelos laboratórios ou distribuidores, deve-se definir qual o número de dias que a farmácia terá de estoque de segurança.

Estoque de Segurança ou Ponto de Chamada é a quantidade mínima de determinado produto que deve existir em estoque.

Essa quantidade contribui para um gerenciamento de estoque mais efetivo, já que ajuda a cobrir eventuais atrasos no seu reabastecimento.

Para esse cálculo, deve-se considerar o número de dias que o distribuidor demora para entregar o produto depois de feito o pedido (quatro dias, por exemplo).

Se multiplicarmos a VMD por quatro, saberemos qual é o estoque mínimo que deve existir em sua farmácia para fazer uma nova compra.

Isso permite que o produto seja comprado e recebido antes do seu estoque acabar, sem comprometer as vendas.

Vejamos um exemplo:

  • VMD = 1 unidade x 4 dias (número de dias que demora a reposição). Portanto, a farmácia tem que ter quatro unidades quando fizer o pedido de reposição.

O sistema de reabastecimento pelo estoque mínimo garante que a mercadoria, em sua maioria, não acabe antes da nova chegar.

Já o Estoque Máximo (EM) é o mais alto estoque permitido para a farmácia se manter abastecida durante um determinado número de dias, obedecendo às limitações de espaço físico, financeiras, etc.

Não se esqueça: para calcular a entrada, estude a saída!

Para verificar como está o atendimento em relação ao estoque, há um indicador fácil de ser usado: a Verificação do Nível de Serviço Praticado (VNSP).

Essa análise deve ser feita produto por produto. O nível do serviço é calculado da seguinte forma:

O resultado obtido será o número de dias necessários para que o estoque termine.
Se esse valor for superior há dez dias, é preciso rever o estoque máximo deste produto. Atualmente, a não ser que a frequência de abastecimento seja superior à uma semana, as farmácias não possuem estoques máximos de produtos acima de 15 dias de giro.
Se isso acontecer, é hora de revisar os cálculos e as compras.